Quando uma fístula precisa ser revisada ou substituída: sinais de alerta

fistula

A fístula arteriovenosa (FAV) é considerada o melhor tipo de acesso vascular para pacientes em hemodiálise. Confeccionada cirurgicamente, ela conecta uma artéria a uma veia, geralmente no braço, permitindo que o sangue circule em alto fluxo por equipamentos de diálise com segurança. Apesar de ser a opção mais duradoura e menos propensa a infecções quando comparada a cateteres ou próteses, a fístula não é isenta de complicações.

Com o tempo, o uso contínuo, o envelhecimento dos vasos e condições como diabetes e hipertensão podem comprometer a função da fístula. Por isso, é fundamental que o paciente, sua família e a equipe médica estejam atentos aos sinais de que esse acesso precisa ser revisado — ou, em casos mais avançados, substituído.

Neste artigo, explicamos quando uma fístula pode estar em risco, quais os sintomas de mau funcionamento e os cuidados essenciais para garantir sua durabilidade.

A importância do monitoramento contínuo

Assim que uma fístula é criada, ela passa por um período de maturação — processo no qual a veia se adapta ao novo fluxo aumentado de sangue. Esse amadurecimento é essencial para garantir que ela suporte as sessões de hemodiálise. Após esse período, o acesso deve ser cuidadosamente observado a cada sessão.

Pequenas alterações no funcionamento da fístula podem ser detectadas precocemente se houver acompanhamento regular, o que evita complicações mais graves, como trombose ou falência completa do acesso.

Sinais de alerta de que a fístula pode precisar de revisão

Existem diversos sinais clínicos e físicos que podem indicar que a fístula está em sofrimento ou não funcionando adequadamente. Estes são os principais:

1. Redução ou ausência de “thrill”

O thrill é uma vibração contínua que pode ser sentida ao tocar levemente a fístula com os dedos. Ele indica o fluxo sanguíneo adequado dentro do acesso. A diminuição ou desaparecimento do thrill pode significar obstrução parcial ou total da fístula, e é um sinal de emergência vascular.

2. Inchaço no braço ou na mão

Edema persistente no braço em que está localizada a fístula pode indicar problemas de drenagem venosa, como estenose (estreitamento) ou trombose. Além disso, pode sinalizar sobrecarga de pressão na veia, aumentando o risco de rompimento ou falência do acesso.

3. Sangramentos anormais após a punção

Um pequeno sangramento é esperado após a retirada das agulhas de diálise, mas hemorragias prolongadas ou difíceis de conter são sinais de alerta. Elas podem indicar fragilidade das paredes venosas ou presença de aneurismas e pseudoaneurismas.

4. Aumento do tempo de recirculação

Durante a hemodiálise, se o sangue “recircula” — ou seja, entra e sai rapidamente sem passar pelo filtro —, isso pode indicar problemas na localização das agulhas ou na função do acesso, reduzindo a eficiência da diálise.

5. Alterações visíveis na pele

A presença de vermelhidão, endurecimento, dor local, calor excessivo ou áreas elevadas pode sugerir infecção ou formação de aneurismas. A pele sobre a fístula deve ser lisa e não apresentar feridas ou escurecimentos.

6. Aumento da pressão durante a diálise

Se a equipe de enfermagem relatar pressões arteriais ou venosas elevadas no acesso durante a sessão de diálise, isso pode significar estenoses, que exigem investigação imediata.

7. Diminuição do fluxo ou falhas frequentes de punção

Quando a punção se torna mais difícil ou as sessões de hemodiálise são interrompidas por fluxo insuficiente, a fístula pode estar apresentando colapso parcial, geralmente causado por estenose progressiva.

Como é feita a avaliação da fístula?

A avaliação envolve tanto o exame clínico quanto exames complementares. O exame físico é simples e pode ser feito pelo próprio paciente com orientação médica: palpar o thrill, observar o braço, sentir a temperatura e avaliar o sangramento.

Em casos suspeitos, exames como ultrassonografia doppler, fistulografia (exame com contraste), ou angiotomografia são realizados para identificar com precisão o local da estenose, trombose ou outro tipo de alteração estrutural.

Quando a fístula precisa ser revisada?

A revisão é indicada quando há alterações que ainda podem ser corrigidas sem a necessidade de substituição completa. As principais situações incluem:

  • Estenoses venosas: podem ser tratadas com angioplastia (balonamento) com ou sem colocação de stent;
  • Tromboses agudas: podem ser desobstruídas com medicamentos trombolíticos ou procedimentos cirúrgicos;
  • Pseudoaneurismas pequenos: podem ser reparados localmente;
  • Dificuldades de punção: podem ser corrigidas com remodelamento da fístula.

A revisão precoce é crucial para preservar o acesso e evitar o uso de cateteres temporários, que têm maiores taxas de infecção e complicações.

Quando a fístula precisa ser substituída?

Infelizmente, nem sempre a fístula pode ser salva. A substituição é necessária quando:

  • Há trombose extensa com falência do acesso;
  • Existem infecções recorrentes ou graves, com risco sistêmico;
  • A estrutura da fístula está muito danificada, com formação de aneurismas extensos ou rompimentos iminentes;
  • O acesso não permite mais punção adequada;
  • Há roubo arterial grave (síndrome do roubo), que compromete a circulação da mão.

Nesses casos, o cirurgião vascular irá avaliar a criação de uma nova fístula em outro local do braço ou do outro membro, ou indicar a colocação de uma prótese vascular como alternativa.

Cuidados diários para preservar sua fístula

Além de observar os sinais de alerta, é importante seguir algumas recomendações para preservar a vida útil da fístula:

  • Evite carregar peso ou medir pressão arterial no braço da fístula;
  • Não durma em cima do braço com o acesso;
  • Mantenha a pele limpa e bem cuidada;
  • Verifique o thrill diariamente;
  • Comunique imediatamente qualquer alteração à equipe de saúde.

A fístula arteriovenosa é um verdadeiro “salva-vidas” para quem depende da hemodiálise. Cuidar bem dela é cuidar da sua saúde como um todo. Saber identificar os sinais de alerta e procurar ajuda médica precocemente pode evitar complicações sérias, garantir a continuidade da diálise com segurança e prolongar a vida útil do acesso.Se você ou um familiar notou alguma alteração na fístula, não espere os sintomas se agravarem. O diagnóstico precoce pode salvar seu acesso vascular.

Conte com quem pode te ajudar!

A Dra. Ani Loize Arendt é médica especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular com mais de 10 anos de experiência na área. Vamos agendar uma consulta  para entender as diferentes formas de cuidar da sua saúde!

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Dra. Ani Loize Arendt

Medplex Norte, R. Gomes Jardim, 201/603B. – Santana.

Porto Alegre – RS

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