As úlceras venosas são feridas crônicas que acometem, principalmente, a região das pernas, resultado de problemas no sistema venoso, especialmente a insuficiência venosa crônica. Trata-se de uma condição frequente entre pacientes com varizes de longa data, histórico de trombose venosa profunda ou outras alterações circulatórias que comprometem o retorno venoso.
Apesar de ser uma condição desafiadora, os avanços na medicina vascular nas últimas décadas transformaram o tratamento das úlceras venosas. Hoje, além de curativos especializados, existem métodos modernos que envolvem tecnologias como terapia compressiva avançada, substâncias bioativas e procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos que oferecem alívio e cicatrização com maior rapidez e segurança.
Neste artigo,vamos explicar como funcionam os tratamentos modernos das úlceras venosas e quando cada abordagem é indicada.
O que são úlceras venosas e por que elas ocorrem?
As úlceras venosas surgem geralmente na parte inferior das pernas, especialmente na região acima do tornozelo. Elas ocorrem quando o sangue tem dificuldade de retornar das pernas para o coração, condição chamada de insuficiência venosa. Isso faz com que a pressão nas veias aumente, levando a inchaço, escurecimento da pele, inflamação e, com o tempo, à formação de feridas.
As principais causas incluem:
- Varizes não tratadas;
- Trombose venosa profunda prévia;
- Sedentarismo ou longos períodos de pé;
- Traumas repetitivos nas pernas;
- Obesidade e envelhecimento.
As úlceras venosas tendem a ser dolorosas, de difícil cicatrização e recorrentes, impactando significativamente a qualidade de vida do paciente.
Princípios modernos do tratamento das úlceras venosas
O tratamento de uma úlcera venosa não envolve apenas a aplicação de curativos. O sucesso terapêutico está em corrigir a causa da úlcera, controlar a inflamação local, melhorar o retorno venoso e adotar medidas de cuidado com a pele e a circulação.
Entre os pilares do tratamento moderno, destacam-se:
- Limpeza e cuidado local da ferida;
- Uso de curativos especializados;
- Terapia compressiva adequada;
- Tratamentos farmacológicos;
- Avaliação vascular detalhada;
- Procedimentos cirúrgicos ou endovasculares, quando indicados.
Vamos explorar cada um desses pontos a seguir.
1. Curativos especializados: mais do que cobrir a ferida.
Hoje, os curativos usados no tratamento das úlceras venosas são escolhidos de forma individualizada, de acordo com o estágio da lesão, presença de infecção, quantidade de exsudato (secreção) e o tipo de pele ao redor da ferida.
Alguns dos tipos mais modernos incluem:
- Curativos com prata: possuem ação antibacteriana e ajudam no controle de infecções;
- Curativos de hidrocolóide e hidrogel: promovem um ambiente úmido favorável à cicatrização;
- Espumas de poliuretano: ideais para feridas com muita secreção, ajudam na absorção e reduzem o trauma ao trocar o curativo;
- Curativos com colágeno ou fatores de crescimento: estimulam a regeneração da pele e aceleram a cicatrização.
O objetivo é proteger a ferida, controlar a infecção e estimular a formação de tecido saudável.
2. Terapia compressiva: o pilar do tratamento.
A compressão é o tratamento mais eficaz para úlceras venosas, pois combate diretamente a insuficiência venosa. As opções incluem:
- Meias de compressão elástica: indicadas quando a ferida está em fase de cicatrização ou após o fechamento;
- Bandagens de compressão multicapas: utilizadas para controle do edema e tratamento ativo das úlceras;
- Sistemas de compressão inelástica (como Unna Boot): ideais para pacientes com mobilidade reduzida.
A pressão gerada pelas bandagens ajuda o sangue a retornar ao coração, reduzindo o inchaço e promovendo a cicatrização.
3. Medicamentos de apoio
Alguns medicamentos podem ser usados como coadjuvantes no tratamento:
- Flebotônicos: como a diosmina e hesperidina, que melhoram o tônus venoso e diminuem o inchaço;
- Antibióticos: apenas quando há infecção ativa;
- Analgésicos e anti-inflamatórios: para controle da dor.
Vale lembrar que o uso de medicamentos deve sempre ser orientado por um médico.
4. Intervenções cirúrgicas e tratamentos minimamente invasivos
Se a causa da úlcera não for tratada, a ferida pode até cicatrizar, mas tem grande chance de voltar. Por isso, é essencial corrigir o refluxo venoso ou outras alterações anatômicas por meio de intervenções vasculares.
As opções incluem:
Ablação endovenosa (laser ou radiofrequência)
Técnicas minimamente invasivas que tratam as veias doentes por dentro, sem necessidade de cortes extensos. O procedimento é feito com anestesia local e rápida recuperação.
Escleroterapia com espuma densa guiada por ultrassom
Técnica em que uma substância é injetada nas veias doentes para induzir seu fechamento. Pode ser usada em veias maiores, sob orientação por ultrassom.
Cirurgias de retirada de veias (flebectomias)
Indicado para veias varicosas que contribuem para a formação ou manutenção da úlcera.
Correção cirúrgica do refluxo venoso profundo (em casos mais graves)
Para pacientes com comprometimento das veias profundas, pode ser indicada uma cirurgia mais complexa, mas com bons resultados.
O cirurgião vascular irá avaliar cada caso e indicar a melhor técnica de acordo com a anatomia e o quadro clínico do paciente.
5. Cuidados de longo prazo e prevenção
Após a cicatrização da úlcera, o cuidado continua. É essencial adotar medidas para evitar a recidiva:
- Uso contínuo de meias de compressão;
- Elevação das pernas quando possível;
- Manter o peso saudável e praticar atividades físicas leves;
- Tratar doenças associadas, como diabetes ou hipertensão;
- Manter acompanhamento com o cirurgião vascular.
A educação do paciente e dos cuidadores sobre os sinais de alerta e os cuidados com a pele é um dos pontos mais importantes para evitar novas lesões.
As úlceras venosas são lesões complexas, mas com os tratamentos modernos disponíveis hoje, é possível obter excelente resposta clínica, alívio dos sintomas e, principalmente, qualidade de vida para o paciente.
Se você ou um familiar está enfrentando uma úlcera que não cicatriza, procure atendimento especializado. Com o diagnóstico certo, cuidado personalizado e técnicas modernas, a recuperação é totalmente possível.
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A Dra. Ani Loize Arendt é médica especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular com mais de 10 anos de experiência na área. Vamos agendar uma consulta para entender as diferentes formas de cuidar da sua saúde!
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Dra. Ani Loize Arendt
Medplex Norte, R. Gomes Jardim, 201/603B. – Santana.Porto Alegre – RS





